para ver além e transformar

Sou apaixonada pela força transformadora do escutar ‘silencioso’ e do questionar que desafia todo o nosso pensar, nosso conhecimento, certezas, conceitos, suposições e aparências, no processo de [des]criar sentido ou conhecimento na prática (knowing, unknowing e not-knowing). Eles nos levam a uma compreensão mais profunda, clara e genuína de nós mesmos e da realidade, a sermos conscientes das nossas reações, hábitos de pensamento e das nossas respostas condicionadas, e a uma poderosa liberdade interior, de percepção, e de pensar. Mais conscientes e livres, nós criamos sentido, nos comunicamos, conectamos, relacionamos e nos envolvemos com o mundo e as pessoas de forma mais plena, mais profunda, mais conectada, sensível e, acima de tudo, mais genuína, compassiva e ética.

Uso o poder do questionar e do escutar para descobrir e para deslocar: para   d-e-s-c-o-n-s-t-r-u-i-r    o olhar de quem olha. E criar abertura para uma percepção e uma mente mais livres, atentas, abertas e mais claras.

O mais bonito é que isso possibilita que a gente alcance uma conscientizar contínuo e profundo (awaring) de como nossa percepção da realidade, nosso pensar, nossas respostas, o experienciar dos nossos mundos e das pessoas, e nossa criação de sentido são consideravelmente coloridos, distorcidos e solidificados por nosso condicionamento linguístico (conceitos, imagens, estereótipos, categorias) e cultural, e por experiências vividas. Tudo é pensar e ele organiza o que nós percebemos. Todo o processo do nosso pensar é baseado em palavras, conceitos e suas associações. A linguagem tem um domínio extraordinário sobre nossa mente, e distorce não apenas a comunicação, mas distorce consideravelmente a clareza do pensamento. Tudo isso obscurece e solidifica nossa percepção da realidade, nosso olhar. Impacta nossas vidas pessoais, sociais e interpessoais.

Essa é a alma do meu trabalho com a questioning mind^® (mente questionadora) há mais de 20 anos.

A mente questionadora e escutadora ilumina vieses implícitos, nos liberta da escravidão e da cegueira de nossas preconcepções e suposições não examinadas, e rompe a monotonia dos nossos raciocínios habituais e dos automatismos mentais. Abre possibilidades para novos olhares, para novas respostas, desenvolve nossa consciência e habilidades que potencializam nossa criação de sentido no mundo (ex. atenção, ser uma boa escutadora).

Minha intenção é desenvolver em nós um sentido claro do que significa criar e viver conscientes e livres desses condicionamentos e dessa percepção distorcida. Para vermos além.

Para olharmos e vermos nós mesmos, as coisas, as pessoas e o que nos rodeia como elas realmente são por trás das palavras, antes de darmos palavras a elas.

Patrícia Nascimento, PhD